Sonhar acordado fora do leito, é carregar a cama nas costas. São os verdadeiros sonâmbulos à deriva. Perdidos em seu próprio território. Sofredores e dependentes dos efeitos oscilantes do pêndulo da indução (lavagem cerebral). Ideal programático dos verdes algozes partidários do mundo para poucos.
Sabe-se daqueles que se tornaram fieis passageiros do Boing, sob o comando do piloto semiautomático. Os tripulantes da aeronave do sonambulismo indutivo despertaram do transe. Foram surpreendidos por uma inesperada corrente de ventos gelados.
Deixaram a asa dura à deriva. Sobraram os velhos paraquedas sem o selo do Inmetro a bordo (um mal anunciado). Mesmo assim, os passageiros sabendo do grande risco que corriam, ficaram agradecidos.
O velho e duvidoso socorro não abriu, continuou fechado com eles e para eles. Amém!
Mantiveram firmes. Não abriram (com os compatriotas).
Aterrissaram todos juntos no campo de pouso da Papuda (aleluia!). Com o intuito de evitar aglomerações e separação de gêneros. Pousaram abraçados com seus paraquedas verde-oliva na colônia de férias do lago da Colmeia.
Pilotos e tripulantes com conhecimento prévio do BO, abriram fora, aterrissaram em outro mundo do Tio San.
Fechando o caixa e fazendo um paralelo com a estória hipnótica da velha matreira raposa… a mesma, na tentativa de sempre levar vantagem sobre suas futuras presas, depara-se com um jovem e inocente caboré e logo sabe que ali está o almoço e a janta.
O pequeno caboré, sem pressentir a raposa, começa a cantar suavemente.
De pronto, ela tenta aplicar-lhe o golpe. Apareceu, meio distante do caboré e disse-lhe: – como vos-me-cê canta tão bonito! Olha, você cantando é lindo.
Então o caboré disse: e é? Que bom!
A raposa disse: – amigo, conheci o seu pai. Mas ele cantava mais do que você, viu. Quando ele cantava, toda a floresta se deleitava para ouvi-lo. Seu canto era uma orquestra.
E o caboré pergunta: – por quê?
A raposa responde: – olha, seu pai cantava com os olhos fechados. Puro som.
Foi aí que o desconfiado caboré disse: – amiga, tchau! Não quero não! É por isso que ele não está mais aqui (tô fora!).
Fragmento de ideia: Ao fechar os olhos, poderá conectar-se não só com o mundo empírico dos espíritos, como também com os braços das velhas raposas deste mundo concreto. Vigia-te.
21 de Janeiro de 2023, Vitória da Conquista – BA
Autor: Ricardo Gonçalves Farias