Cantora também estreou Fafá com Elas, em que entrevista mulheres pelo Instagram
Autor: F5 Folha| Foto: Divulgação
Fafá de Belém, 63, está desde o dia 20 de março isolada no seu apartamento em São Paulo. Nestes quase três meses de quarentena, a cantora tem feito um pouco de tudo: desde a saga para conseguir fazer um bom café até reaprender a mexer no computador e tomar para si a responsabilidade por toda a sua vida comercial. “Antes da pandemia, eu usava cheque, que tal?”, diz ela, emendando na sequência a sua tão conhecida gargalhada.
Ela também tem escrito muito. “Quero ver se faço a minha biografia.” Outra novidade é se livrar de pintar os cabelos a cada sete dias, e assumir os brancos —desejo que ela conta ter há mais de três anos. “Estou adorando o resultado.”
Além disso, em paz com a tecnologia, Fafá resolveu mostrar em lives sua versão entrevistadora. A cada domingo, o bate-papo é com um convidado diferente, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o padre Fábio de Melo, e o humorista Paulo Vieira.
Apesar dos inúmeros pedidos dos fãs para fazer uma live musical, Fafá afirma que estava um pouco reticente e preocupada com a estrutura que seria necessária para a transmissão online. Ao ver o show de Roberto Carlos e como tudo foi realizado com segurança, ela se animou.
Surgiu a ideia de adiantar um projeto que estava programado para o fim de 2020: cantar trilhas sonoras de novelas. Assim, neste sábado (13), dia de Santo Antônio –”o santo casamenteiro”, ressalta Fafá– ela vai cantar para os apaixonados. E avisa: é uma live para curtir muito e se emocionar. “É para beber, chorar, mandar recado pelo WhatsApp”, diz.
Confira os principais trechos da entrevista que a cantora deu ao F5, por telefone.
LIVE ROMÂNTICA
Em 2020 Fafá de Belém completa 45 anos de carreira e a ideia dela era promover diversas ações em comemoração à data. Mas veio a pandemia do novo coronavírus e tudo ficou em suspenso. Começaram então a surgir pedidos dos shows online. “Mas live para quê?”, se perguntou ela.
Aos poucos, com o exemplo de outros artistas, a cantora foi se convencendo a fazer a sua. Surgiu a ideia de cantar músicas de novelas. “Eu estreei na Globo na trilha de ‘Gabriela’ [1975], cantando ‘Filho da Bahia’. De lá para cá, só na Globo tenho mais de 40 trilhas de novelas.”
O dia 13 de junho foi escolhido por ser o dia de Santo Antônio, o “protetor dos apaixonados”, diz Fafá. O repertório inclui não só músicas dela, como também de Roupa Nova, José Augusto, entre outros. “De Michael Sullivan a Chico Buarque, o meu forte sempre foi a música romântica, nunca tive pudor em cantar as coisas emocionadas.”
O show vai contar com depoimentos e participações de Miguel Falabella, Lulu Santos, Guilherme Arantes, entre outros. “Também fala da importância da novela na nossa vida cotidiana. Antes da pandemia, eu parava tudo para assistir ‘Avenida Brasil’ à tarde”, diz sobre a novela de 2012, que foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, recentemente.
SEGURANÇA
Além de Fafá, e de sua filha, Mariana Belém, que está com ela desde o fim de maio –depois de ambas realizarem o exame para a Covid-19 e o resultado dar negativo—, a live terá a participação de quatro músicos e outras duas pessoas responsáveis pela gravação.
“Eu moro numa cobertura, a base vai ser no andar de cima, e nós vamos estar afastados e com máscaras, porque não quero que ninguém adoeça nem transmita. Única contaminação que eu quero é de muito amor, de muita saudade […] Vai ser final da tarde para noite, começa com chazinho e termina com caipirinha.”
NADA DE PIJAMA
Não é porque está em casa que Fafá de Belém vai aparecer de pijama. “Sou de um tempo em que a gente sobe no palco e manda fazer figurino”, diz. O da live deste sábado (13) foi feito pelo estilista André Lima, de Belém, cidade natal da cantora. Fafá diz que toda a concepção do show online foi pensada como se fosse a de um DVD.
“Eu sempre vou tratar como se fosse um espetáculo. Será um abraço nas pessoas que estão em casa e para agradecer por esses 45 anos, para contar a nossa história que se mistura com a história pessoal de tanta gente. O que eu quero é falar de emoção, de saudade, de paixão. É aquele show que dá vontade de chorar, beber e mandar recado pelo WhatsApp.”
CONVERSAS AOS DOMINGOS
A cada domingo, Fafá tem conversado com diferentes personalidades, como o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o humorista Paulo Vieira. “Essas lives estão sendo aquelas conversas que a gente não tinha mais. E eu sou curiosa, sempre fui. Eu gosto de conhecer gente, eu adoro assistir entrevista em que o entrevistado fale. Eu falo muito, eu tenho até que me policiar para conhecer melhor aquela pessoa que tem uma empatia, um olhar que eu admiro”, comenta.
A cantora também afirma que tem procurado apoiar pequenas empresas e negócios, atingidos pela crise, durante essas lives. “A ideia é mostrar e dar visibilidade. Essa é grande lição desse momento. Ninguém que quiser crescer sozinho vai continuar caminhando depois da pandemia, porque esse é o grande exercício: caminharmos juntos. Quem não aprender essa lição eu fico olhando, meu Deus, por quanto tempo essa pessoa acha que ainda é assim, isso é muito antigo.”
Desde a última quinta (11), ela estreou o Fafá com Elas, em que entrevista mulheres. A primeira delas foi a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza.
LIÇÕES DA QUARENTENA
“A primeira semana foi muito esquisita”, diz Fafá, sobre o início do isolamento social. Se em 2019 inteiro, ela contabiliza ter dormido só 35 dias no seu apartamento em São Paulo, agora já são quase 90 dias dentro do espaço. A maior parte desse período, a cantora ficou sozinha, reaprendendo a lidar com as questões práticas do cotidiano. Se não tem problemas em cozinhar e até gosta, fazer café sempre foi “um mistério”. “Comecei a fazer um café todo errado.”
Também voltou a mexer no computador e trocou o cheque pelas transações bancárias feitas pela internet. “E puxei toda a minha vida comercial para a minha mão.” Outro projeto iniciado na quarentena é a escrita. “Eu tenho escrito muito, gravado muita coisa da minha vida, quero ver se faço a minha biografia”, afirma.
BRANCOS ASSUMIDOS E SEM BOTOX
Para Fafá de Belém, as rugas são parte de sua história. Por isso, ela diz não usar botox. “Faço ginástica facial, agora botox não, porque vou estar fugindo de mim, do meu espelho. Nessa quarentena, a gente tem que repensar muito no que é fundamental para cada um e o que vem de fora e você embarca por uma convenção que muitas vezes te machuca, te desagrada”, diz.
Nesse sentido, o período de isolamento social foi também uma oportunidade para ela se livrar da pintura e assumir os brancos de vez, desejo que já tinha há mais de três anos, mas que não era incentivado pela sua equipe. Na verdade, desde o ano passado, quando viajou para Lituânia, Fafá ficou um mês sem retocar a raiz. “Tirei férias e falei: ‘Ninguém me conhece aqui, ninguém vai encher o meu saco, vou deixar o cabelo branqueando.”
Agora, desde fevereiro, ela não retoca a raiz, que antes exigia uma manutenção a cada sete dias. “Vem ficando branco, e eu estou adorando”, conclui.