Rita Lee nasceu e viveu em São Paulo, quase sempre no bairro da Vila Mariana, e sempre frequentou o Parque do Ibirapuera – desde quando andava com os pais. Ela adorava o local e o chamava “floresta encantada”. E dentro da floresta, seu cantinho especial era o Planetário, onde podia sonhar com estrelas e discos voadores.
Portanto, ninguém estranhou que o local fosse escolhido para o velório da artista, que morreu na madrugada de segunda-feira (8), em decorrência das complicações do câncer de pulmão. Em sua autobiografia, publicada em 2016, Rita descreveu as idas ao Planetário como um “must semanal”. O capítulo Mutatis Mutandis conta que a rainha do Rock ia toda semana ao local, em uma visita que era sucedida por uma banana-split numa lanchonete vizinha.
E também convenhamos, a sisudez do Hall Monumental da Assembleia Legislativa paulista, onde geralmente são velados grandes artistas e pessoas importantes da cidade, realmente não tem nada a ver com a irreverência e o jeito ‘tô nem aí’ de Rita, que planejou ela mesma como queria sua despedida.
No seu já antológico epitáfio, escreveu: “Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão Ovelha Negra”. E foi nesse clima que cerca de 10 mil fãs, segundo informações da assessoria de imprensa da artista, passaram pelo local nesta quarta-feira (10). E não cantaram só este sucesso: teve Lança Perfume, Doce Vampiro, Mania de Você, Agora só Falta Você… E gente fantasiada de Zorro, Elvis Presley, Roberto Carlos e da própria Rita, claro.
O corpo deixou o espaço por volta das 18h40, depois de sete horas de velório público e mais uma cerimônia reservada à família de cerca de uma hora, para ser cremado em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Por volta das 10h da manhã, a entrada foi liberada para os admiradores, que aguardaram em uma fila quilométrica.
Entre os primeiros familiares que chegaram ao velório estavam Virginia, irmã de Rita, e João Lee, o filho do meio da cantora. Em entrevista aos jornalistas presentes, ele destacou a simplicidade de sua mãe, além da dignidade e a honestidade com que vivia o seu dia a dia. João falou ainda sobre a sensibilidade de sua mãe de entender as pessoas e se comunicar com o público.
Já Virgínia falou sobre a dor da perda. “Solidão, é apenas o que eu consigo sentir. Não consigo sentir alívio ou outra coisas qualquer. A vida sem Rita não é mais a mesma, nunca mais será”, disse, emocionada. Ela estava na área reservada aos amigos e familiares, com o sobrinho Beto Lee, o senador Eduardo Suplicy e a guitarrista Lucinha Turnbull. “Alguém da família me perguntou como será o mundo sem Rita. Eu só posso dizer que o mundo não vai mais existir”, afirmou Lucinha.
Muitos famosos também foram se despedir. Entre eles, o artista plástico Antonio Peticov, os apresentadores Xuxa, Pedro Bial, Otávio Mesquita, Serginho Groisman e Sarah Oliveira, os cantores Tom Zé, Marina Lima, Maria Rita e Wanessa e a atriz Malu Mader, entre muitos outros. Em entrevista ao Uol, Bial resumiu o sentimento de muitos: “Hoje seria um dia mais difícil se a Rita não tivesse facilitado o nosso caminho. Assim como a coragem que ela teve para enfrentar a vida, ela teve para encontrar a morte”.
Fonte: Correio24hrs | Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo