‘Chuva de fogo’ em casamento: novas imagens mostram correria de convidados em festa com mais de 100 mortos no Iraque
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‘Chuva de fogo’ em casamento: novas imagens mostram correria de convidados em festa com mais de 100 mortos no Iraque

Novas imagens de um incêndio que tomou uma festa de casamento, no Iraque, na noite da última terça-feira, mostram como as chamas se alastraram rapidamente pelo salão. Mais de 100 pessoas morreram e outra centena ficou ferida, na ocasião. Um vídeo que circula pelas redes sociais flagra o momento em que o casal, os convidados e pessoas que trabalhavam no evento são surpreendidos por uma “chuva de fogo”, causada pelo desabamento de fragmentos do teto.

Um dos fragmentos em chamas atinge a cabeça de um convidado, que dá tapa sobre o couro cabeludo para se salvar. Enquanto isso, é possível ver que o fogo se espalha pela estrutura do teto e a fumaça tóxica, pelo salão. Vários convidados começam a correr e a pegar crianças no colo para tentarem deixar o estabelecimento. Um dos registros mostra que dezenas de pessoas estavam sentadas em mesas e tiveram dificuldade para encontrar uma saída em meio à fuga coletiva.

O noivo do casamento participou de um enterro coletivo de vítimas um dia depois da tragédia. Identificado apenas como Revan, o homem foi visto em prantos, sendo amparado por parentes e colegas em meio à despedida.

Ele e a noiva, Haneen, chegaram a ser hospitalizados, mas sobreviveram ao incidente, que está sob investigação das autoridades locais. Segundo a mídia local, Revan e Haneen estão numa situação psicológica “terrível”.

A tragédia aconteceu em um salão de casamento lotado na cidade predominantemente cristã de Qaraqosh, no norte do país

Os enterros coletivos começaram na tarde de quarta-feira, menos de 24h após a tragédia, e seguiram pela quinta. Quatorze pessoas foram detidas por envolvimento na tragédia, segundo autoridades locais.

Inicialmente, havia circulado a informação de que o casal morrera por conta do fogo. Agentes da defesa civil iraquiana, no entanto, afirmaram ao canal britânico BBC que os noivos sobreviveram. A informação também foi confirmada a emissora CNN pelo pai da noiva.

— Responsabilizo o dono do salão pelo ocorrido na festa porque não há extintores nem medidas de segurança — disse o homem, que não teve o nome revelado.

Uma foto que circula pelas redes sociais mostra o que seria a última foto do casal de noivos antes da tragédia.

Em nota, a Defesa Civil local afirmou que “informações preliminares indicam o uso de fogos de artifício durante o casamento, o que provocou um incêndio”. As autoridades detectaram a presença de painéis pré-fabricados “inflamáveis e em desacordo com as normas de segurança” na sala de festas onde aconteceu a tragédia. ASSISTA AO VÍDEO ABAIXO:

As chamas provocaram o “desabamento de partes do teto” devido ao uso de materiais de construção “altamente inflamáveis e baratos”. O perigo foi agravado pelas “emissões de gases tóxicos vinculadas à combustão dos painéis”. Rania Waad, de 17 anos, contou que havia “muitos convidados”, e que os presentes “não conseguiram ver nada”.

— [Os recém-casados] dançavam quando os fogos de artifício começaram a subir até o teto. Todo o salão pegou fogo. Não conseguimos ver nada, não sabíamos como sair — declarou.

No salão destruído, era possível observar cadeiras de metal e destroços empilhados.

No principal hospital de Qaraqosh, a pequena cidade cristã onde ocorreu a tragédia, um fotógrafo da AFP testemunhou diversas ambulâncias chegando com as sirenes ligadas no meio da noite. Dezenas de pessoas se reuniram no pátio do centro médico, incluindo familiares das vítimas e voluntários dispostos a doar sangue.

Qaraqosh, também conhecida como Bajdida ou Al-Hamdaniya, está localizada na província de Nínive, ao norte do Iraque.

— A maioria dos feridos sofreu queimaduras e asfixia — disse o porta-voz do Ministério da Saúde, Saif-al-Badr, antes de citar que o incêndio também provocou um grande tumulto entre os convidados do casamento. Após o incidente, uma multidão reuniu-se diante das portas abertas de um caminhão frigorífico que transportava várias sacolas mortuárias.

O Crescente Vermelho iraquiano informou que registrou mais de 450 vítimas, mas não explicou quantas morreram na tragédia.

Em julho de 2021, um incêndio em uma unidade de saúde resultou na morte de 60 pessoas. Meses antes, em abril do mesmo ano, uma explosão de cilindros de oxigênio provocou outro incêndio em um hospital de Bagdá dedicado ao tratamento da Covid-19. Na ocasião, mais de 80 pessoas morreram.

Fonte: O Globo | Foto: Reprodução