A quimioterapia, desde sua introdução na década de 1940, desempenha um papel significativo no tratamento do câncer. No entanto, ao longo dos anos, tornou-se evidente que essa abordagem tem suas limitações e consequências indesejadas. Embora tenha sido uma descoberta revolucionária em seu tempo, não evoluiu significativamente desde então. A técnica consiste em administrar ingredientes citotóxicos para destruir as células cancerígenas, mas também afeta as células saudáveis, resultando em efeitos colaterais graves. Infelizmente, a sociedade ficou presa nesse modelo terapêutico. Hoje, o setor oncológico tornou-se essencial para as instituições de saúde e sua remoção poderia levar ao seu desaparecimento.
O estacionamento científico tem ligação direta com a relação mercadológica. Os quimioterápicos só podem ser produzidos por mega empresas devido à sua alta toxicidade, o que exige investimentos significativos em infraestrutura de produção, agregando valor. Isso torna o processo inacessível para pequenas e médias empresas, resultando em uma reserva de mercado para as grandes farmacêuticas. Essa representatividade lucrativa entre a indústria e o setor oncológico cria uma barreira poderosa para a chegada de terapias inovadoras.
É importante considerar que as patentes não protegem rotas de síntese simples, pois permite fácil clonagem. Portanto, a complexidade das fórmulas se torna um fator crucial para gerar riqueza e ser adotada pelas organizações. Como resultado, os medicamentos oncológicos de baixo custo não são produzidos por essa cadeia industrial e, consequentemente, não fazem parte do sistema de saúde, independentemente de sua eficácia.
Este cenário preocupante é explorado pela sociedade em geral, abrangendo não apenas a indústria farmacêutica, mas também clínicas, hospitais e agentes de saúde. Estratégias de comércio entram em ação, destacando meses temáticos com cores chamativas. Esses fatores transformaram o setor em uma complexa rede de interesses, onde a cura deixou de ser a prioridade. Em outras palavras, todos nós somos vítimas desse drama e, de certa forma, cúmplices.
Precisamos de uma mudança legislativa que atribua ao Estado o dever de se envolver diretamente na pesquisa e produção, pois a iniciativa privada continuará priorizando apenas o lucro, o que é compreensível dentro de uma mentalidade empresarial, mas nefasta para a sociedade.
Portanto, é a hora de abrir caminho para novas abordagens terapêuticas e romper as barreiras mercadológicas que nos aprisionam desde a metade do século passado, impedindo o progresso e interrompendo vidas.
Mauro Falcão