Afirmação falsa de ódio sempre é muito mais forte do que qualquer direito de resposta que possa haver. Conquista ter o título de melhor cidade não combina em ter o titulo de pior para se ouvir rádio.
Editorial Opinião

 Afirmação falsa de ódio sempre é muito mais forte do que qualquer direito de resposta que possa haver. Conquista ter o título de melhor cidade não combina em ter o titulo de pior para se ouvir rádio.

Afirmação falsa de ódio sempre é muito mais forte do que qualquer direito de resposta que possa haver. Conquista ter o título de melhor cidade não combina em ter o titulo de pior para se ouvir rádio.

O momento que a imprensa passa no Brasil é talvez um dos piores momentos desde de que foi escrito a lei da Liberdade de Imprensa na Constituição Federal. As notícias dão conta de que tem jornalistas desaparecidos no território nacional. Na verdade a profissão de jornalismo nos dá o direito de até omitir a fonte de uma notícia, mas nunca atingir um cidadão quando estiver com a caneta na mão ou mesmo o microfone. Ontem (7) em uma emissora de rádio da cidade, UP FM, o editorialista do programa UP Noticias Deusdete Dias fez um comentário infeliz no dia que comemorou o dia da liberdade de imprensa  ”esta cidade já teve e tem muitos jornalistas que contribuíram  e continua contribuindo para o futuro e progresso dessa terra mas hoje tem um Hitler por traz dos microfones de uma emissora de rádio tradicional da cidade”, falou e incentivou o ódio entre os próprios colegas e é claro colocou em xeque a própria imprensa quando não citou o nome do jornalista taxado de Hitler por ele, odiado talvez pela rivalidade de audiência e é claro que audiência significa mais dinheiro no bolso.

Na verdade, todos os profissionais de imprensa devem se unirem independente de naturalidade no respeito as opiniões. Uma cidade que tem o título de melhor cidade para se viver na Bahia e a segunda cidade para viver no nordeste não pode ter a pior condição para se ouvir rádio com comentários de ódio e ofensa a própria classe.

O jornalista que está desaparecido questionou o presidente Jair Messias Bolsonaro( PL ) sobre escalada do desmatamento na Amazônia. Bolsonaro respondeu: “Primeiro você tem que entender que a Amazônia é do Brasil, não é de vocês. A primeira resposta é essa daí, tá certo?”.

O jornalista é correspondente do The Guardian no Brasil e está desaparecido desde domingo (5), junto com o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira. Segundo a entidade União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), os dois vinham recebendo ameaças e desapareceram no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.

Alessandra Sampaio, esposa do jornalista inglês Dom Phillips, que está desaparecido na Amazônia, fez um apelo para que as autoridades brasileiras reforcem as buscas. A brasileira Alessandra e Dom moram na Bahia desde 2007, em Salvador. Devemos lembrar, acima de tudo, que os profissionais de comunicação não têm só o direito, mas sobretudo o dever de manter nós, cidadãos, sempre informados. Ainda assim, é importante lembrar que a liberdade de um começa quando a do outro termina, então a liberdade da imprensa deve existir com ética, sem desrespeitar o espaço e direitos alheios.

Não se deve nunca, por exemplo, divulgar uma informação sem antes apura-la precisamente, porque qualquer repercussão pode fugir do nosso controle, seja ela negativa ou positiva. A afirmação falsa sempre é muito mais forte do que qualquer direito de resposta que possa haver.

A história na época da monarquia a impressão era proibida no nosso país, só chegando aquí junto com a familia real, em 1808. Após a primeira assembléia constituinte houve a elaboração da chamada lei da imprensa, que dava a ela liberdade para publicar, vender e comprar os livros, ainda que houvessem claras exceções.

 

A partir da instauração da república, houveram muitos e muitos atentados a nossa liberdade de imprensa. Na nova República, a primeira lei de imprensa retirava do nosso código penal os crimes relacionados a essa área de atuação, mas mantinha instituído o direito de resposta.

 

Durante o nosso regime militar também houve o estabelecimento de uma nova lei de imprensa, dessa vez estabelecendo sérias restrições à liberdade de expressão. Todas as noticias deveriam, primeiramente, ser analisadas pelos censores, sendo barradas se houvesse qualquer hostilidade ao governo instituído. Em meio aos anos em que a ditadura teve a sua repressão mais forte criou-se o departamento de imprensa e propaganda (DIP), que tinha por fim justamente executar esse trabalho. Comisso o ideal de liberdade e democracia foi ainda mais apregoado pelos agentes da imprensa, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.

 

Desde 1988 a liberdade de imprensa é assegurada pela nossa Constituição e desde o fim da ditadura os seus profissionais se mantém vigilantes e atentos a qualquer iniciativa de calar os seus agentes, pois a eles cabe o dever de informar a população, algo que temos o direito e que precisamos para seguir os caminhos que desejamos enquanto nação, sejam eles quais forem. Que a ética seja o futura dessa cidade em todas as classes sociais para que as crianças tenham um futuro e uma sustentabilidade de paz.