O Brasil ultrapassou a marca de 1,3 milhão de casos de dengue. O número de trabalhadores afastados por causa da doença já afeta a entrega de mercadorias.
Em uma indústria de vidros em Goiânia, máquinas já ficaram temporariamente paradas por causa do afastamento de funcionários com dengue.
“A produção diminui, porque eu não tenho mão de obra pra substituir. Vem prejudicando nosso cliente final receber as mercadorias em tempo hábil”, diz Liliane de Melo, técnica de segurança do trabalho.
A dengue já mandou para casa 20% dos funcionários de uma indústria de aço e plástico, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Com tantas baixas na equipe, a fábrica está passando sufoco para cumprir os prazos com os clientes e fornecedores. Carretas estão sendo carregadas com atraso de dois dias e muitas vão para longe. O destino de uma delas é o Paraguai.
“Além da gente ter que sobrecarregar os funcionários que estão aqui por questão de hora extra, nós tivemos que fazer um remanejamento de setores, treinamento, então você acaba tendo perda de tempo e uma perda monetária também”, relata Rodrigo Andrade, gestor de expansão da empresa.
A empresa reforçou a prevenção. “O que a gente fez? Reuniu as pessoas e foi atrás dos focos”, destaca Marusa Rodrigues, técnica de segurança do trabalho.
Um estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) mediu o prejuízo desses afastamentos pra economia do país. O cálculo usa dados do Ministério da Saúde que estima em mais de quatro milhões os casos de dengue, zica e chikungunya neste ano.
Segundo a FIEMG, 60% dos possíveis infectados correspondem à população economicamente ativa.
O levantamento somou as perdas para o Produto Interno Bruto (PIB), o conjunto de todos os bens e serviços produzidos pelo país num determinado período, aos custos dos tratamentos. O impacto total passa de R$ 20 bilhões.
“A atividade industrial hoje ela é especializada. Cada pessoa faz uma etapa, então um funcionário de determinada área não necessariamente ele sabe fazer o trabalho de outra área. Então esse é um drama que a gente vem sentindo, várias indústrias reportando”, relata Flávio Roscoe, presidente da FIEMG.
Em Ipatinga, na região Leste de Minas, uma fábrica de uniformes já recebeu mais de 70 atestados. Com tantas ausências, a empresa parou de aceitar novos clientes. A prioridade é atender os contratos já fechados.
A Alice teve chikungunya no carnaval. Ainda sente muitas dores e o rendimento não é mais o mesmo.
“Minha operação é também de muito movimento, então chega no fim do dia eu tô exausta. Hoje se eu for avaliar como eu estou e como era antes, tá uns 20%, 30% de como eu era antes. Não tá igual não. Infelizmente”, finaliza Alice Viana Assis Silva, gerente de produção.
Fonte: G1/JN | Foto: João Paulo Burini / Getty Images