A sua benção, minha vovó
Sabe, aqui eles não brincam
São duros na queda
Viu? Temos que se virar nos trinta

Olhei nos dias que a senhora
Estava sempre presente
A fartura é muito grande
Sua ausência se torna muito diferente

Vovó, a senhora é bastante poderosa
Sempre faz estes caras abrirem a mão
Seus pares são iguais a papagaios no arame
Só abrem os punhos nesta ocasião

Vi que a senhora é bastante fraterna
É econômica e sabe dividir o pão
Eles só dividem aquelas despesinhas
E embolsam e agarra todo tostão

Observei que na sua ausência
Só quem paga o pato são os tolos
Sabe, vó, aqueles vinte e uns?
São aqueles que surrupiam o bolo

Não adianta a gente sonhar com o troco
É perda de tempo, é fracasso
São eles que fiscalizam eles
São farinha do mesmo saco

Para o bem-estar dos seus
Não mais demore por aí
Será somente quando tivermos voz
Para podermos discutir

Estamos sem entender nada
Agora a bondade corre a solta
É um papai Noel fora de tempo
O ruim, hoje, é mel na nossa sopa

Vovó! Eu não me esqueço daquele refrãozinho que a senhora me ensinou. Ouça!
– Samba no beco está fervendo. Quando penso que pago, estou devendo.

Vitória da Conquista, 15 de dezembro de 2023
Ricardo Gonçalves Farias