Autor: Correio | Foto: Reprodução
A Anvisa negou, por unanimidade, a importação e o uso da vacina russa Sputnik V pelo Brasil. O relator Alex Machado Campos destacou a “falta de documentação” e os possíveis riscos do imunizante à saúde como critérios determinantes para a negativa. A rejeição do pedido de urgência de manifestação em decisão monocrática do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi unânime. Os diretores Antônio Barra Torres, Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Mota e Meiruze Sousa Freitas seguiram o voto do diretor-relator Alex Machado Campos.
Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), afirmou que a agência “não pode agir ao arrepio de sua missão”.
Sem citar diretamente os críticos da agência em relação à vacina russa, Antônio Barra Torres disse que a Anvisa “nunca teve apego às questões burocráticas ou desrespeito para com a vida humana”. Segundo ele, é impossível atestar as reais condições de fabricação do produto porque a Anvisa não teve permissão para inspecionar as fábricas na Rússia.
O colegiado se reuniu de forma extraordinária para cumprir decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que concedeu um prazo de 30 dias para que a agência reguladora decidisse sobre o uso do imunizante.
Gerente aponta possíveis riscos à saúde
Antes da votação, as três gerências-gerais da Anvisa — de monitoramento, de medicamentos e de fiscalização — também haviam votado de forma unânime contra a importação do imunizante russo. O pedido de uso emergencial da Sputnik V foi protocolado pela União Química, responsável pela vacina no Brasil, no dia 25 de março.
Alguns argumentos utilizados pela agência reguladora brasileira foram a falta de dados mínimos disponibilizados pelos fabricantes da vacina e problemas graves detectados na produção do imunizante, conferidos presencialmente por equipes da Anvisa em viagem à Rússia. Na viagem, os técnicos também não conseguiriam vistoriar corretamente às fábricas da vacina, pois não foi permitida a entrada no local.
No entanto, o motivo mais grave para a rejeição, segundo o órgão, é a presença de adenovírus replicante na vacina, que é um vírus que deveria estar “morto”, no entanto encontra-se ativo, podendo causar efeitos adversos graves como a síndrome de Guillain-Barré.
Nas vacinas aprovadas pela Anvisa, o adenovírus é manipulado para não se replicar dentro do corpo. Porém, os técnicos da agência encontraram adenovírus que se multiplicam em todos os lotes da Sputnik V submetidos ao controle de qualidade brasileiro.
Nesta segunda-feira, uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski determina que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifeste, nos próximos 30 dias, sobre a possibilidade da Bahia importar a vacina Sputnik V, contra a Covid-19. O estado já adquiriu cerca de 9,7 milhões de doses através do Consórcio Nordeste, que adquiriu um total de 37 milhões de doses.