Uma trabalhadora doméstica de 46 anos foi resgatada em situação semelhante à escravidão, na quinta-feira (11), em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.
Segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a mulher foi morar com a família ainda na infância, quando tinha 10 anos, e sempre trabalhou sem remuneração. Ela vivia em situação degradante, com jornada exaustiva e em total disponibilidade às necessidades da família empregadora.
Além de todo o trabalho doméstico realizado na casa, a trabalhadora fazia comidas, doces e salgados para uma lanchonete que funciona anexa à residência e também de propriedade dos patrões. Ela ainda cuidava do atendimento e fazia a limpeza.
O resgate da trabalhadora foi realizado pela Auditoria-Fiscal do Trabalho (AFT) com a retirada da mulher da residência. A equipe segue atuando com os procedimentos para a reparação dos direitos trabalhistas e inserção da vítima na sociedade.
A audiência com os empregadores domésticos para o pagamento das verbas devidas foi marcada para a próxima terça-feira (16).
A operação, coordenada pela Auditoria-Fiscal do Trabalho, contou com o apoio também de uma procuradora do trabalho, uma defensora pública da União, um administrativo do Ministério do Trabalho e dois policiais federais.
Resgate em Poções
Na mesma região, mas desta vez na cidade de Poções, a 68 km de Vitória da Conquista, outra empregada doméstica foi resgatada de situação semelhante ao trabalho escravo, em maio deste ano.
Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a idosa de 86 anos foi morar na casa dos pais da então empregadora ainda criança e prestou serviços domésticos para a família por mais de 70 anos, sempre à disposição para servir na hora e local que precisavam.
A trabalhadora é analfabeta, não era autorizada a sair da residência desacompanhada e se manteve todo esse tempo sem qualquer ingerência sobre a sua própria vida, tendo sido privada do convívio social.
A equipe de auditores fiscais do trabalho apurou que, quando jovem, a trabalhadora sofreu um abuso sexual e engravidou. O filho nasceu, porém, foi doado sem o consentimento dela, que nunca teve contato com ele.
Um dos depoentes afirmou que esse filho foi até a cidade de Poções, há uns dois anos, procurar a mãe biológica, mas a família empregadora escondeu a trabalhadora, impedindo o encontro.
A atual empregadora é médica do trabalho e proprietária de uma clínica na cidade. A equipe lavrou autos de infração e produziu um relatório de ação fiscal que será encaminhado para outros órgãos a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.
⚠️ COMO DENUNCIAR? Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.
Fonte: G1 BA | Foto: AFT