“O Bahia é um eterno gol de Raudinei.” A lendária frase, que evoca a mística de gols decisivos do Esquadrão de Aço nos momentos derradeiros das partidas, voltou a se fazer valer 31 anos depois, na noite desta quarta-feira (20). Com um gol aos 48 minutos do segundo tempo, o garoto Tiago garantiu o triunfo por 1 a 0 sobre o Ceará, na Arena Fonte Nova, e carimbou a vaga do Tricolor na final da Copa do Nordeste.
Em um jogo truncado e de poucas chances, o Bahia dominou as ações na primeira etapa, enquanto o Ceará foi melhor na etapa final. Mas nos acréscimos, quando tudo caminhava para a disputa de pênaltis, Tiago, o “garoto de aço”, apareceu na segunda trave para completar cruzamento de Everton Ribeiro e manter vivo o sonho do pentacampeonato regional.
Na grande decisão, o Bahia enfrentará o Confiança, que eliminou o CSA na outra semifinal, em Maceió. Diferente das fases anteriores, a final será disputada em dois jogos: o primeiro, no dia 3 de setembro, na Arena Batistão, em Aracaju; e o segundo, no dia 7 de setembro, na Arena Fonte Nova.
Antes disso, o Esquadrão volta suas atenções para o Brasileirão. Pela 21ª rodada, a equipe enfrenta o Santos, neste domingo (24), em Salvador.
O JOGO
Como era de se esperar, o Bahia começou a partida na Fonte Nova impondo seu estilo de jogo e controlando totalmente a posse de bola. Foi dessa forma, na base da troca de passes, que os comandados de Rogério Ceni criaram a primeira grande chance logo aos quatro minutos. Após jogada bem trabalhada, Arias cruzou da direita na medida para Ademir, que subiu sozinho na pequena área, mas cabeceou por cima do gol.
O jogo seguiu nessa toada durante toda a primeira etapa. O Ceará permanecia fechado e tentava explorar os contra-ataques assim que recuperava a bola, mas o Bahia rapidamente retomava a posse e voltava a trabalhar a construção com passes curtos. Foi justamente assim que, aos 20 minutos, o Esquadrão voltou a levar perigo. Depois de grande jogada em que Juba, Willian José e Everton Ribeiro tabelaram pela esquerda, a bola chegou limpa para Ademir na direita, mas, na hora de se consagrar, o atacante escorregou e desperdiçou a chance.
Seguindo firme na pressão e aproveitando a amplitude e velocidade dos seus pontas, o Bahia ainda criou mais duas boas oportunidades antes do intervalo. Aos 30, Kayky recebeu lançamento de Mingo, esperou a bola pingar e finalizou na saída de Bruno Ferreira, que fez boa defesa com um tapa. Depois, aos 43, Ademir pedalou, passou por dois marcadores em bela jogada individual, cortou para dentro e bateu rasteiro, obrigando o goleiro a salvar novamente.
Depois de passar quase todo o primeiro tempo acuado, o Ceará conseguiu sair mais para o ataque já na reta final e teve grande chance no último lance antes do intervalo. Após chutão, a defesa do Bahia afastou mal e a bola sobrou para Aylon, que foi derrubado por Arias praticamente na linha da grande área. A falta era perigosa, mas Rafael Ramos cobrou mal e carimbou a barreira.
Na segunda etapa, os papéis se inverteram e foi o Vozão quem passou a pressionar, enquanto o Esquadrão se viu encurralado no campo de defesa. Com as linhas bem adiantadas e uma postura completamente diferente, a equipe cearense assumiu a rédea da partida nos primeiros minutos, mas, pecando sempre no passe final, não conseguiu criar grandes oportunidades. Tanto que só obrigou Ronaldo a trabalhar pela primeira vez aos 10 minutos, em chute de longe de Aylon, que saiu fraco e no meio do gol.
Mesmo após Rogério Ceni mexer na equipe, promovendo as entradas de Cauly e Lucho nos lugares de Kayky e Willian José, o Ceará seguiu superior em campo. Ainda assim, o Bahia conseguiu responder e assustar aos 21 minutos: em cobrança de falta de muito longe, Lucho soltou um chutaço e obrigou o goleiro do Vozão a espalmar com a ponta dos dedos.
Depois do lance, o Esquadrão voltou a crescer na partida e passou a frequentar mais o campo ofensivo, mas o Ceará também manteve sua busca pelo gol. O jogo então se transformou em uma verdadeira luta de boxe, com trocação franca e chegadas perigosas de ambos os lados. Apesar da intensidade, chances claras não apareceram, e já na reta final, as equipes diminuíram o ímpeto, aguardando o apito final e a definição por pênaltis.
Quando a disputa de penalidades parecia inevitável, a Fonte Nova explodiu aos 48 minutos do segundo tempo, com o gol da classificação saindo dos pés de um Pivete de Aço. Everton Ribeiro conduziu pela esquerda e cruzou no capricho para o segundo pau, onde Tiago, o camisa 77, apareceu livre para empurrar para as redes e garantir o Esquadrão na grande decisão.
FICHA TÉCNICA
Bahia 1 x 0 Ceará – semifinal da Copa do Nordeste
Bahia: Ronaldo; Arias, David Duarte, Ramos Mingo e Luciano Juba; Caio Alexandre (Acevedo), Jean Lucas (Rodrigo Nestor) e Everton Ribeiro; Ademir (Tiago), Kayky (Cauly) e Willian José (Lucho). Técnico: Rogério Ceni.
Ceará: Bruno Ferreira; Fabiano Souza, Marllon, Willian Machado e Rafael Ramos (Nicolas); Dieguinho, Fernando Sobral (Richardson) e Lucas Mugni (Lourenço); Galeano, Aylon (Pedro Henrique) e Pedro Raul. Técnico: Léo Condé
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador
Gols: Tiago aos 48 minutos do 2º tempo (Bahia)
Cartões Amarelos: Everton Ribeiro, Luciano Juba, Arias e Acevedo (Bahia) / Fernando Sobral, Rafael Ramos e Marllon (Ceará)
Público pagante: 36.388
Renda: R$ 1.015.088, 00
Arbitragem: Rocha de Carvalho Filho (PB), auxiliado por Luis Filipe Gonçalves Correa (PB) e Schumacher Marques Gomes (PB)
VAR: Rodrigues Castro Junior (PE)
Fonte: Correio24hrs | Foto: Letícia Martins/EC Bahia