A onda de calor que vem assolando diversos estados brasileiros deve se intensificar a partir do mês de dezembro devido a fusão de um El Niño muito forte agravado pelo aquecimento global.
O coordenador-geral de Pesquisa e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, avaliou as mudanças climáticas como “perigosas”.
“A situação está perigosa. A chuva já deveria ter começado na Amazônia Central, mas veio muito fraca. Teremos o prolongamento e acentuação da seca no Norte. Também no Nordeste, já há sinais de que a chuva vai atrasar, e haverá seca. Estamos avisando há meses, o cenário só piora. Os governos já deveriam estar preparados”, alertou Marengo, que faz parte do grupo de especialistas que participaram da mesa-redonda “Crise climática e desastres como consequência do El Niño 2023-2024: impactos observados e esperados no Brasil”, na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC) no Rio de Janeiro.
A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) ainda aponta que 2023 está sendo o ano mais quente dos últimos 125 mil anos e nos últimos 30 dias o clima extremo deve se agravar com uma onda de calor no Centro-Oeste, Sudeste e parte do Nordeste. Além disso, deve haver seca no Norte e fortes tempestades no Sul.
Tradicionalmente, nos anos de El Niño, a seca no Norte e Nordeste tendem a ser mais intensas de dezembro a maio. O fato de já estar grave em outubro e novembro significa que dessa vez podem ser catastróficas”, sinalizou José Marengo.
O El Niño é um fenômeno que ocorre irregularmente, em média a cada 3 ou 4 anos, em que a distribuição de temperatura nas águas superficiais do Pacífico se altera, com consequências no clima do mundo inteiro.
O Brasil é um dos países mais afetados pelo El Niño, que se traduz principalmente nas tempestades registradas no Sul e nas secas intensas no Norte e Nordeste.
Fonte: A Tarde | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil