Morreu, neste sábado (17), aos 85 anos, a escritora Nélida Piñon. Ela foi a primeira mulher a presidir Academia Brasileira de Letras (ABL). Nélida faleceu em um hospital de Lisboa, em Portugal, onde morava atualmente. A causa da morte não foi divulgada.
A morte da escritora foi confirmada por Ruy Castro, um dos imortais da ABL. “Viveu em função da literatura, viveu para a literatura, ela foi uma das primeiras mulheres a integrarem a academia e abriu portas para outras (mulheres). A delicadeza, a gentileza é uma marca dela e ainda transparece na obra dela”, disse Jornal Castro GNews, da GloboNews.
Segundo a Academia Brasileira de Letras, o sepultamento será no mausoléu e a Academia fará uma Sessão da Saudade no dia 2 de março de 2023, no Salão Nobre, em homenagem à autora.
Nélida foi uma das maiores representantes da literatura brasileira. Era a quinta ocupante da Cadeira 30, tendo sido eleita em 27 de julho de 1989, na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda. Em 1996/1997, tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir a Academia Brasileira de Letras, no ano do seu I Centenário.
Formou-se em Jornalismo em 1956 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Colaborou em vários jornais e revistas literários e foi correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris, e editora assistente de Cadernos Brasileiros.
Nélida Piñon estreou na literatura com o romance “Guia mapa de Gabriel Arcanjo”, publicado em 1961, que tem como temas o pecado, o perdão e a relação dos mortais com Deus. O início dos anos 70 é marcado pelo lançamento, em 1972, de um de seus melhores e mais conhecidos romances, “A casa da paixão”, que recebeu o Prêmio Mário de Andrade. No romance A República dos sonhos, baseado em uma família de imigrantes galegos no Brasil, ela faz reflexões sobre a Galícia, a Espanha e o Brasil. Sua obra já foi traduzida em inúmeros países, tendo recebido vários prêmios ao longo de mais de 35 anos de atividade literária.
Prêmios
Autora de mais de 20 livros, entre romances, contos, crônicas e infantojuvenis, sua obra já foi traduzida em inúmeros países, tendo recebido vários prêmios nacionais e internacionais. Entre os prêmios ganhos, destacam-se o Prêmio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995 (pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa); o Bienal Nestlé, categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991; e o da APCA e o Prêmio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance “A república dos sonhos”. E o Pen Clube de Literatura por sua mais recente obra, Um Dia Chegarei a Sagres, lançada no final de 2020.
Fonte: Correio24hrs | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil