A audiência de Francisco com os bispos do Maranhão, em visita ad Limina no Vaticano, foi na manhã desta quinta-feira (2). O grupo relatou “os grandes desafios enfrentados com as comunidades indígenas, os povos tradicionais, as comunidades de pescadores e de quebradeiras de côco”, sobretudo diante “do avanço do agronegócio que vai empurrando as nossas comunidades”, contou dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo. Do Papa veio o encorajamento em continuar a missão junto aos últimos.
Por: Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira (2) os bispos do Regional Nordeste 5 da CNBB, que corresponde aos representantes do Maranhão, que desde o início da semana estão em visita ad Limina Apostolorum no Vaticano. Mais uma vez, como tem acontecido nas outras audiências com os brasileiros, o Pontífice deu grande abertura para perguntas e testemunhos, relatou dom Gilberto Pastana de Oliveira, arcebispo de São Luís, num diálogo de mais de duas horas, com muita franqueza e amizade, “num verdadeiro encontro do Apóstolo Pedro com os demais apóstolos”:
“Ele é um santo vivo. Um Espírito de Deus, Pentecostes acontecendo na Igreja de Jesus Cristo. Somos muito gratos ao pontifício do Papa Francisco.”
Dom Gilberto foi quem também introduziu o grupo, repassando as preocupações e dificuldades da Igreja no Maranhão, assim como as esperanças e o compromisso dos bispos diante do Povo de Deus e àqueles que mais sofrem.
Papa ganha obra com azulejos de São Luís
O presidente do Regional Nordeste 5 da CNBB e bispo da diocese de Coroatá, dom Sebastião Bandeira, compartilhou o mesmo sentimento ao descrever a audiência com Francisco como “muito edificadora” para o ministério episcopal. Da parte brasileira, veio a demonstração de “comunhão ao Papa, aos seus gestos, às palavras, à mensagem, ao projeto de Igreja que tem sempre incentivado a todos nós”.
E, se na semana passada o Pontífice ganhou um pandeiro dos bipos da Bahia e do Sergipe em sinal da alegria do Evangelho e da Igreja do Regional Nordeste 3, desta vez o Papa foi agraciado pelos bispos do Maranhão com um quadro produzido com os tradicionais azulejos de São Luís, como nos conta dom Sebastião. Com grande influência portuguesa, a “Cidade dos Azulejos”, como é conhecida, preserva o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e XIX de toda a América Latina, já tendo o centro histórico reconhecido como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco.
“Oferecemos ao Papa um quadro da pessoa dele, pintado em azulejos, referindo-se a São Luís que é a cidade dos azulejos coloridos; e o volume dos sermões do Padre António Vieira, onde ele fala o famoso sermão aos peixes, numa época em que António Vieira denunciava as injustiças dos grandes lá no Maranhão e que, muitas vezes, não era ouvido.”
A missão junto a indígenas, pescadores, quebradeiras de côco
O bispo de Balsas e referencial regional para a Ação Missionária, dom Valentim Fagundes, também compartilhou a sua impressão sobre a audiência com o Papa, ao descrevê-la como um “encontro impactante” e de encorajamento para continuar a missão junto aos últimos:
“Muito importante e muito impactante o encontro com o Papa Francisco. Escutamos a sua palavra que nos orienta, dá ânimo e fortaleza, principalmente para continuarmos a nossa missão no Maranhão junto aos últimos, aos mais pobres. Saímos daqui com o coração ao alto para podermos seguir. Fomos confirmados naquilo que estamos fazendo e sendo em nossas dioceses: continuar a evangelização a partir dos mais fracos e em defesa da vida e da natureza.”
Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo, contou que o Papa abordou vários argumentos com os bispos, como o dos sacramentos, da família e da criatividade na Igreja, sempre num “espírito fraterno e de muita alegria”, numa “expressão de sinodalidade”. E os bispos do Maranhão sentiram em Francisco o apoio para prosseguir evangelizando junto aos mais vulneráveis, inclusive diante das dificuldades impostas pelas diversas realidades no Maranhão:
“Destacamos os grandes desafios que nós enfrentamos com as comunidades indígenas, os povos tradicionais, as comunidades de pescadores e de quebradeiras de côco, então, fomos assim destacando o avanço do agronegócio que vai cada vez mais empurrando as nossas comunidades. Nós colocamos todas essas preocupações e ele ouviu atentamente, manifestou o seu apreço em nos ajudar a caminhar nessas realidades.”
Enfim, dom Vilsom Basso, bispo de Imperatriz, resumiu o encontro com o Papa Francisco desta quinta-feira (2), o ponto alto da visita ad Limina ao Vaticano que termina no sábado (4) com uma visita ao Colégio Pio Brasileiro em Roma:
“Sentir a sua santidade, a sua paternidade, a sua palavra de ânimo e coragem para seguirmos adiante, evangelizando, fazendo o bem, espalhando a paz.”